Muitas formas de cegueira ainda não têm cura, mas pesquisas envolvendo células-tronco e deficiência visual oferecem otimismo para o futuro.
Células-tronco e deficiência visual: em que ponto estamos?
Até o momento, a única terapia com células-tronco aprovada para cegueira no mundo chama-se Holoclar, um tratamento para lesões na córnea causadas por queimaduras químicas (saiba mais aqui ). Além desta, não existe nenhuma outra terapia com células-tronco para deficiência visual aprovada para comercialização atualmente.
No entanto, deficiência visual é um dos campos em que a aplicação de células-tronco vem sendo mais intensamente investigada. Praticamente todos os tipos vêm sendo testadas contra a cegueira, incluindo células-tronco embrionárias, mesenquimais, hematopoiéticas, progenitoras neurais, e pluripotentes induzidas (iPS cells).
Alguns desses estudos já foram concluídos, com resultados encorajadores. Em 2014, um grupo de 18 pacientes com degeneração da retina foi tratado com células-tronco embrionárias. Não houve reações adversas graves em nenhum dos pacientes, e dez deles apresentaram melhora significativa da capacidade visual. No ano passado, pesquisadores conseguiram regenerar o cristalino de um pequeno grupo de bebês com catarata congênita ao estimular as células-tronco naturalmente presentes nessa estrutura. Além disso, está em andamento o primeiro ensaio clínico com células iPS no mundo, que visa testar o uso desse tipo de célula-tronco contra a degeneração macular. A primeira paciente já foi tratada sem efeitos colaterais graves, mas ainda é cedo para afirmar se o tratamento de fato funciona. Certamente, existe muito interesse por terapias celulares na regeneração da visão, e os resultados preliminares oferecem otimismo para o futuro.
Como as células-tronco podem ajudar?
As células-tronco podem regenerar ou substituir células do olho afetadas por diferentes patologias. O olho humano possui várias reservas de células-tronco, e uma possibilidade é utilizar essas células que já estão naturalmente presentes a fim de reparar lesões. Elas podem ser extraídas do paciente, cultivadas em laboratório e reimplantadas (como no caso do Holoclar) ou simplesmente estimuladas a se regenerar no próprio olho (como no estudo de bebês com catarata).
No entanto, nem sempre as células do próprio paciente são adequadas, já que elas podem possuir a mesma mutação genética responsável pela doença a ser tratada. Células-tronco de doadores saudáveis ou de embriões podem ser utilizadas nesses casos. Especificamente no caso da retina, é impossível obter células de doadores saudáveis sem lesionar gravemente a retina do próprio doador. Por isso, existe grande expectativa de que o ensaio clínico de células iPS abrirá novas possibilidades no campo de células-tronco e deficiência visual.
Saiba mais sobre a deficiência visual
Quais são os tipos de deficiência visual?
Lesões em diferentes estruturas do olho podem levar à perda de visão. Doenças e trauma (como queimaduras) podem afetar a córnea, o tecido transparente que recobre nosso olho. Outras patologias afetam a retina, a camada situada no fundo do olho que contém células sensíveis à luz. Outra causa da cegueira é a opacificação do cristalino, uma estrutura transparente situada atrás da íris (a parte colorida do olho) que é importante para enxergarmos com foco.
Quais as causas da deficiência visual?
Existem diversas causas para a perda de visão. Ela pode ser consequência de acidentes que lesam a córnea, como queimaduras químicas ou trauma. A cegueira também pode estar associada ao envelhecimento; é o caso de certas doenças da retina, como a degeneração macular relacionada à idade e a retinopatia diabética. A retina também pode ser afetada por doenças genéticas, como a retinite pigmentosa e a doença de Stargardt. Uma importante causa – evitável – de cegueira nos países em desenvolvimento é a catarata, uma doença associada ao envelhecimento e à opacificação do cristalino que pode ser curada com uma simples cirurgia ambulatorial.
Quais tratamentos estão disponíveis?
O tratamento varia de acordo com a patologia. Nos países em desenvolvimento, ainda são frequentes casos de cegueira provocados por doenças evitáveis ou curáveis. Um exemplo é a cegueira causada por catarata, ainda comum no Brasil, mas que pode ser curada com a remoção do cristalino e substituição por uma lente artificial. Nos países desenvolvidos, as principais causas de cegueira são doenças relacionadas ao envelhecimento, como degeneração macular, retinopatia diabética e glaucoma. Muitas dessas doenças podem ser controladas, mas não têm cura.
Fontes:
EuroStemCell. The eye and stem cells: the path to treating blindness