Mais sobre células-tronco e esclerose múltipla

Mais sobre células-tronco e esclerose múltipla

Estudo mostra como células-tronco podem contribuir para regeneração celular em modelo animal de esclerose múltipla.

 

Recentemente nós explicamos aqui sobre células-tronco e esclerose múltipla – abordando informações sobre a doença e sobre como as células-tronco podem ajudar. Hoje nós vamos falar sobre um estudo que mostrou mecanismos moleculares envolvidos na regeneração celular do tipo de célula responsável pela formação da bainha de mielina, estrutura lesionada na doença: o oligodendrócito. A ideia por trás do estudo é simples: se a perda desse tipo de célula leva aos sintomas da esclerose múltipla, criar novos oligodendrócitos poderia parar ou mesmo reverter a progressão da doença.

Em um primeiro momento, os pesquisadores combinaram células-tronco mesenquimais da medula espinhal e células-tronco neurais adultas de ratos, de modo que fatores secretados pelas células-tronco mesenquimais induzissem a diferenciação das células-tronco neurais em oligodendrócitos. Eles verificaram os marcadores moleculares associados a essa diferenciação e partiram para a próxima etapa: estudar esse mecanismo usando células humanas.

O grupo usou células-tronco mesenquimais fetais e células-tronco neurais adultas para investigar se os fatores secretados pelas células-tronco mesenquimais fetais induziriam a diferenciação das células-tronco neurais adultas em oligodendrócitos e modulariam a distribuição de uma proteína associada a essa diferenciação, a p57kip2. Eles conseguiram observar resultados semelhantes aos obtidos com as células dos ratos, indicando que o mecanismo é conservado entre as espécies.

Em seguida os pesquisadores foram além: eles demonstraram a capacidade das células diferenciadas a partir de células-tronco de efetivamente produzirem bainha de mielina, utilizando uma nanofibra e comparando os resultados quando o meio continha fatores secretados pelas células-tronco mesenquimais de ratos e humanas, com os resultados quando o meio não continha esses fatores (controle). As células que estavam nos meios contendo fatores das células mesenquimais dos ratos e humanas mostraram capacidade semelhante de formar estruturas análogas à bainha de mielina, o que foi observado em níveis bem menores no meio controle. Mais uma comparação foi feita usando um modelo mais fisiológico: fatias do cerebelo de ratos, que permitiram verificar a formação de oligodendrócitos e a integração tecidual. Foram observadas células formadoras de mielina e formação de redes neurais no meio contendo fatores das células-tronco mesenquimais fetais humanas, mas praticamente não houve efeito no meio controle.

Os autores notam que o processo de formação de oligodendrócitos usando os fatores de células-tronco mesenquimais é mais rápido do que outros métodos: 14 dias, em vez de 60 ou 130 dias. Além disso, eles sugerem que pode ser útil para futuras aplicações terapêuticas identificar as substâncias que induzem a formação de oligodendrócitos, para que essas substâncias possam ser usadas de maneira específica.

O trabalho foi uma colaboração entre pesquisadores da Universidade Heinrich-Heine (liderados pelo Prof. Küry (Departamento de Neurologia) e pelo Prof Adjaye (Instituto para Pesquisa com Células Tronco e Medicina Regenerativa) e colegas britânicos e chilenos, e foi publicado na prestigiada revista Glia.

 

Referência:

Jadasz JJ, Tepe L, Beyer F, Samper Agrelo I, Akkermann R, Spitzhorn LS, Silva ME, Oreffo ROC, Hartung HP, Prigione A, Rivera FJ, Adjaye J, Küry P. Human mesenchymal factors induce rat hippocampal- and human neural stem cell dependent oligodendrogenesis. Glia. 2017


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