Nova terapia com células-tronco desenvolvida em estudo pré-clínico apresenta resultados promissores para o tratamento de alterações associadas à asma.
A asma é uma doença respiratória crônica que afeta pelo menos 300 milhões de pessoas em todo o mundo e é responsável por cerca de 250 mil mortes anuais. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, apenas no Brasil existem aproximadamente 20 milhões de asmáticos, sendo essa entre a terceira e a quarta causa de hospitalizações pelo SUS, levando a, em média, 350 mil internações anualmente.
Os principais sintomas da doença, cuja causa ainda não é conhecida, são: dificuldade respiratória, tosse seca, chiado ou ruído no peito e ansiedade. Entre os fatores que podem piorar o quadro ou desencadear o aparecimento dos sintomas estão: ácaros, fungos, pólens, animais de estimação, fezes de barata, infecções virais, fumaça de cigarro, poluição ambiental e exposição ao ar frio. Recomenda-se que asmáticos evitem a exposição a esses fatores.
O tratamento, atualmente, se dá com o uso de medicamentos que gerenciam os sintomas, como corticosteroides e β-agonistas. Essa abordagem não cura os danos subjacentes aos sintomas, o que implica um risco de complicações futuras.
Agora, cientistas da Monash University, na Austrália, que estão trabalhando para desenvolver um tratamento para a asma utilizando células-tronco, publicaram um estudo pré-clínico com resultados positivos. O trabalho, feito com ratos, utilizou a tecnologia Cymerus, da Cynata Therapeutics, para diferenciar células-tronco pluripotentes induzidas em células precursoras e, posteriormente, em células-tronco mesenquimais. Essas células-tronco mesenquimais foram, então, administradas aos animais.
O objetivo do tratamento é reverter danos associados à doença. Para isso, os pesquisadores investigaram os efeitos dessas células em três componentes que caracterizam a asma: inflamação, remodelamento das vias aéreas (mudanças estruturais que ocorrem nos pulmões como resultado da inflamação prolongada) e hiperresponsividade das vias aéreas (sintoma clínico).
As células-tronco foram administradas de maneira intravenosa ou intranasal. A manipulação utilizada no estudo conseguiu reduzir a inflamação, reverter sinais de remodelamento das vias aéreas e normalizar fibrose das vias aéreas e dos pulmões e a hiperresponsividade das vias aéreas. O benefício máximo na fibrose e hiperresponsividade das vias aéreas foi observado por meio da administração intranasal.
Um avanço importante desse estudo é que, diferente de resultados de estudos utilizando outras células-tronco, dessa vez os efeitos positivos foram obtidos utilizando apenas a terapia celular, sem associação com terapias auxiliares.
Os autores consideram importante a realização de estudos futuros comparando e combinando os efeitos dessas células-tronco com medicamentos utilizados atualmente no tratamento da asma para elucidar os mecanismos de ação envolvidos. Com o desenvolvimento desses estudos, é possível que esse tratamento seja utilizado em populações de pacientes que não respondem bem aos tratamentos atuais, tanto isoladamente como em conjunto com outras terapias.
Fontes:
Royce SG, Rele S, Broughton BRS, Kelly K, Samuel C. Intranasal administration of mesenchymoangioblast-derived mesenchymal stem cells abrogates airway fibrosis and airway hyperresponsiveness associated with chronic allergic airways disease. FASEB J. 2017. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28626025
SBPT – Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – https://sbpt.org.br