Células-tronco e doença de Parkinson

Células-tronco e doença de Parkinson

Doença de Parkinson afeta pelo menos 200 mil brasileiros e não tem cura, mas células-tronco oferecem esperança de novos tratamentos

Mais comum em pessoas com mais de 50 anos, a doença de Parkinson tem como principais características a lentidão de movimentos e tremores em repouso. O diagnóstico envolve, ainda, outros sintomas como rigidez muscular, progressão da doença e assimetria dos sintomas. Esses efeitos são atribuídos à morte de neurônios, principalmente neurônios dopaminérgicos de uma região chamada substância negra dos núcleos da base, mas outras regiões podem ser afetadas.

A manifestação da doença é variável, podendo ocorrer alterações não motoras como alterações do olfato, distúrbios do sono, mudanças emocionais, depressão, entre outras. Não há cura, os tratamentos atuais envolvem medicamentos (o mais conhecido é a levodopa) e estimulação cerebral profunda. Esses tratamentos não são direcionados para a causa dos problemas, perdem o efeito com o tempo, e podem trazer efeitos colaterais. Além disso, com o aumento da idade média da população, a tendência é que a prevalência da doença de Parkinson seja cada vez maior. Nesse contexto, as pesquisas com células-tronco representam uma possibilidade mais do que necessária de tratar diretamente as causas, por sua alta capacidade de regeneração e diferenciação celular.

Já existem ensaios clínicos registrados para tratar doença de Parkinson usando principalmente células-tronco pluripotentes induzidas, células-tronco neurais e células-tronco mesenquimais em países como China, Índia, México, Estados Unidos e Austrália. Dada a importância dessa abordagem, a revista Stem Cells and Development disponibilizou, em julho, uma edição especial voltada para aplicações de células-tronco no tratamento e estudo da doença.

Um dos artigos aborda o ensaio clínico com células-tronco neurais partenogênicas (derivadas de óvulos não fertilizados), patrocinado pela empresa International Stem Cell Corporation. O estudo tem duração total de 6 anos e 12 participantes que vão receber diferentes doses das células para testar a segurança e ter dados preliminares de eficácia. Essas células são capazes de gerar neurônios e células da glia e espera-se que tenham efeitos regenerativos (secretando fatores de crescimento) e imunomoduladores.

Essa edição aborda também um ensaio clínico programado para o final de 2019 usando células-tronco pluripotentes induzidas diferenciadas em neurônios dopaminérgicos. A ideia, nesse caso, é que eles possam repor as células perdida ao longo da progressão da doença. O número traz, ainda, outra possibilidade para o uso das células-tronco pluripotentes induzidas: fazer sistemas de organoides e estudar o desenvolvimento da doença de Parkinson, permitindo novas descobertas sobre mecanismos que levam ao desenvolvimento da doença e tratamentos preventivos personalizados.

Se você quiser saber mais sobre a doença de Parkinson e o uso de células-tronco, veja esse texto que já publicamos aqui, sobre um estudo pré-clínico com macacos, em que foram obtidos resultados muito positivos com o transplante de células-tronco pluripotentes induzidas diferenciadas em células progenitoras neurais.

Referências:

Ministério da Saúde – Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da doença de Parkinson Clinicaltrials.gov – Parkinson & stem cells


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