Novos tratamentos para calvície podem ser desenvolvidos a partir de descoberta sobre o metabolismo de células-tronco dormentes nos folículos capilares.

É isso mesmo: cientistas estudaram o metabolismo das células-tronco dos folículos capilares e, agora, isso pode mudar tudo no que diz respeito a tratamentos para calvície. Eles descobriram que essas células têm um metabolismo diferente do de outras células da pele: elas convertem glicose em uma molécula chamada piruvato mas essa molécula pode seguir duas vias diferentes. Ela pode ir para uma parte das células chamada mitocôndria e usada como energia, ou pode ser convertida em lactato.

O que os pesquisadores da Universidade da Califórnia se perguntaram é como a ativação de cada uma das duas vias afetaria o comportamento de folículos capilares inativos. Para isso, eles utilizaram dois grupos de ratos: um grupo que havia passado por um processo de engenharia genética para não produzir lactato, e um grupo que havia passado por um processo de engenharia genética para produzir mais lactato do que o normal. Os resultados foram claros: nos ratos em que a produção de lactato havia sido inibida, os folículos capilares deixaram de ser ativados; nos ratos em que a produção de lactato havia sido estimulada, os folículos capilares foram ativados e houve mais crescimento capilar.

Mas qual o impacto dessa descoberta para possíveis tratamentos para calvície? Até a realização dessa pesquisa, ninguém sabia que a quantidade de lactato poderia ter um efeito nas células-tronco dos folículos capilares. Agora, sabendo disso, é possível procurar por substâncias que tenham o efeito de aumentar a quantidade de lactato e que possam ser aplicadas à pele – estimulando o crescimento capilar. Foi exatamente isso que a equipe fez, e eles já encontraram duas substâncias.

Uma delas é chamada RCGD423 e atua diretamente na via de produção de lactato, interferindo na sinalização entre o exterior da célula e o seu núcleo, colocando as células-tronco em um estado ativo e contribuindo para a produção de lactato, o que leva ao crescimento capilar.

A outra, chamada UK5099, atua na via de produção de energia: ela impede que o piruvato seja convertido em energia pela célula, o que faz com que as moléculas de piruvato sigam a via da produção de lactato – o que também resulta em crescimento capilar.

As duas substâncias ainda foram testadas somente em animais, e precisam passar por testes em humanos antes que possam se tornar tratamentos para calvície acessíveis ao público. Isso poderia ajudar milhões de pessoas que sofrem de diferentes condições que afetam o crescimento capilar normal, como alopecia, desregulações hormonais, estresse, e idade.

E não é só isso: a pesquisa, publicada no periódico Nature Cell Biology, tem importância para a melhor compreensão do metabolismo de células-tronco, e pode levar a novos desenvolvimentos na ciência básica e aplicada.

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