Células-tronco que controlam a velocidade de envelhecimento foram encontradas no hipotálamo, região do cérebro importante para regular o funcionamento fisiológico de todo o corpo.
Descoberta foi recentemente publicada na revista Nature por cientistas da Albert Einstein College of Medicine (Estados Unidos) mostrando que, em ratos, uma população de células-tronco hipotalâmicas adultas é responsável por controlar sinais fisiológicos do envelhecimento. O número dessas células diminui naturalmente com a idade mas, como demonstraram os pesquisadores, os efeitos dessa perda são reversíveis. O entendimento dos mecanismos moleculares envolvidos abre novas possibilidades para o tratamento de doenças relacionadas ao envelhecimento e para abordagens visando ao aumento da longevidade.
Os autores, em um primeiro momento, observaram que a quantidade dessas células-tronco se correlacionava com parâmetros relacionados ao envelhecimento em ratos saudáveis, tais como: locomoção, desempenho na esteira, resistência muscular, coordenação, memória, comportamento social, grossura da derme e área das fibras musculares. Quando os animais atingiam a idade de 11 meses o número dessas células começava a se reduzir significativamente e, quando eles tinham cerca de 2 anos, elas eram praticamente inexistentes.
Para investigar se a perda progressiva dessas células estava de fato causando as alterações associadas ao envelhecimento, eles danificaram seletivamente essas células-tronco hipotalâmicas em ratos na meia-idade. Essa manipulação acelerou os efeitos do envelhecimento quando comparados com os efeitos observados no grupo controle.
O que torna o estudo ainda mais interessante é que, além disso, os pesquisadores injetaram células-tronco hipotalâmicas nos cérebros de ratos de meia-idade que tinham tido as próprias células-tronco destruídas e, também, nos cérebros de ratos velhos normais: em ambos os grupos de animais, o tratamento desacelerou ou reverteu diversas medidas de envelhecimento.
Essas células parecem exercer um efeito endócrino pela liberação de exossomos (pequenas vesículas celulares) contendo moléculas chamadas microRNAs (miRNAs) no fluido cerebrospinal dos ratos. Essas moléculas não estão envolvidas na síntese de proteínas e, sim, na regulação da expressão gênica.
Os cientistas, então, extraíram exossomos contendo miRNA de células-tronco hipotalâmicas e injetaram essas vesículas no fluido cerebrospinal de dois grupos de ratos: ratos de meia-idade que haviam tido suas células-tronco hipotalâmicas destruídas e ratos de meia-idade normais. Esse tratamento desacelerou o envelhecimento de maneira significativa nos dois grupos. Desse modo, eles mostraram que a liberação de exossomos por células-tronco hipotalâmicas, contendo miRNAs específicos, é um mecanismo capaz de regular parâmetros associados envelhecimento em todo o corpo.
Os autores consideram, ainda, a possibilidade de que as células-tronco hipotalâmicas atuem dando origem a novos neurônios, mas esse mecanismo não foi objeto desse estudo.
São necessários mais estudos com animais antes que se possa passar para um estágio de aplicação terapêutica em seres humanos. Com o aumento progressivo da idade da população mundial essa é, certamente, uma linha de pesquisa de alto potencial para melhorar a qualidade de vida, que vale a pena acompanhar de perto.
Fonte:
Zhang Y, Kim MS, Jia B, Yan J, Zuniga-Hertz JP, Han C, Cai D. Hypothalamic stem cells control ageing speed partly through exosomal miRNAs. Nature. 2017. 548, 52-57.
http://www.nature.com/nature/journal/v548/n7665/full/nature23282.html