Saco amniótico humano desenvolvido com células-tronco pode ajudar em pesquisas sobre infertilidade

Saco amniótico humano desenvolvido com células-tronco pode ajudar em pesquisas sobre infertilidade

O uso de células-tronco pluripotentes pode ajudar a entender o papel dessa estrutura, formada em estágio inicial do desenvolvimento, na infertilidade, ajudando a entender o que pode dar errado no início da gestação.

Você já pensou nas vantagens de estudar os estágios iniciais de desenvolvimento humano sem precisar do uso de embriões de verdade? Cientistas da Universidade de Michigan mostraram que isso é possível. Agora, eles já podem entender o que precisa acontecer (e o que pode dar errado em alguns casos de infertilidade) em um passo importante desse desenvolvimento evitando todas as questões éticas envolvidas no uso de embriões humanos.

Eles conseguiram fazer com que células-tronco pluripotentes humanas formassem estruturas parecidas com o saco amniótico, uma estrutura formada no início da gestação com células que dão origem a uma parte da placenta e ao embrião. No caso dos modelos formados em laboratório, não havia elementos para formar fetos, de modo que não havia potencial para gerar seres humanos. Mas as células desenvolveram características estruturais e moleculares semelhantes às do saco amniótico natural.

É a primeira vez que estruturas assim são formadas em laboratório utilizando células-tronco, e não embriões doados. Esses modelos de saco amniótico cresceram após 5 dias de cultura em um sistema especialmente construído para parecer com a parede do útero. Os pesquisadores deram a essas estruturas o nome de saco amniótico embrióide pós-implantação (PASE, na sigla em inglês) e, com eles, é possível estudar a morfogênese, a diferenciação celular e os mecanismos regulatórios que ocorrem na embriogênese humana.

A infertilidade é considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com pelo menos 10% de mulheres afetadas no mundo (quando se considera um período de cinco anos de tentativa de gravidez sem sucesso). Sabe-se que um número muito grande de gestações termina nas primeiras duas semanas após a fertilização, fase que pode ser estudada in vitro utilizando o modelo de PASE. É possível, por exemplo, utilizar células da pele de uma pessoa com problema de infertilidade crônica para gerar células-tronco pluripotentes induzidas que formem a estrutura de PASE para tentar entender se algum mecanismo atuando nesse estágio de desenvolvimento é responsável pela interrupção da gravidez naquela pessoa.

As células-tronco pluripotentes induzidas são utilizadas em pesquisas há dez anos, tendo sido desenvolvidas pela primeira vez por um grupo de pesquisadores japoneses. Nesse curto período, elas já foram utilizadas para gerar células musculares de porcos , testar medicamentos contra o colesterol alto e para o tratamento de transtornos psiquiátricos , e até em um estudo clínico para o tratamento de degeneração macular , entre outras pesquisas que estão em andamento.

Referências:

Shao Y, Taniguchi K, Twonshend RF, Miki T, Gumucio DL, F J. A pluripotent stem cell-based model for post-implantation human amniotic sac development. Nature Communications. 2017.

World Health Organization


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