Existem cada vez mais terapias com células-tronco sendo testados em cães e gatos. Descubra por que isso é ótimo para você também.
Nosso site já mostrou como tratamento com células-tronco mesenquimais pode ajudar cães com lesão medular. E o potencial de terapias com células-tronco para pets não para por aí. Na Universidade Tufts, nos Estados Unidos, um hospital veterinário está testando células-tronco caninas no tratamento da insuficiência cardíaca em um grupo piloto de 10 cachorros. A versão canina da doença, assim como a humana, é causada pelo enrijecimento das válvulas cardíacas, o que acaba impedindo o fluxo de sangue para o coração. Tanto a forma canina como a humana apresentam os mesmos sintomas – tosse constante, fadiga, falta de ar – e o mesmo tratamento: diuréticos e, eventualmente, cirurgia para substituição das válvulas. Infelizmente, cirurgia é uma opção muito cara para muitos donos de cachorro, e muito perigosa para muitos pacientes humanos, e novos tratamentos são urgentemente necessários. O estudo da Tufts é particularmente interessante porque as duas formas de insuficiência cardíaca, canina e humana, são tão parecidas que se os resultados dos ensaios clínicos em cachorros forem positivos, a aprovação de um ensaio clínico similar em humanos pode vir bem mais rápido. Afinal, se o tratamento em cães for seguro e eficaz, isso é uma forte evidência de que um tratamento similar em humanos também será seguro e eficaz.
Estudos como a da Universidade Tufts são duplamente úteis, portanto: funcionam como um ensaio clínico para cães e como um ensaio pré-clínico para humanos, ao mesmo tempo. Ensaios pré-clínicos exercem uma função muito importante na medicina. Quando um novo tratamento é descoberto, ele não pode ser imediatamente testado em humanos: os tratamentos mais promissores são primeiro testados em um modelo animal, e apenas se o tratamento se mostrar seguro nesse animal é que testes em humanos são autorizados. O problema é que esse modelo animal normalmente é um rato ou camundongo, e cientistas têm cada vez mais percebido o quanto roedores são diferentes de humanos. Por isso, sugerem alguns pesquisadores, tantos ensaios clínicos em humanos falham; é porque estamos nos baseando nos resultados de ensaios pré-clínicos com roedores, e eles simplesmente não se parecem o suficiente conosco.
Gatos e cachorros, no entanto, podem ser modelos muito melhores. Diabetes, asma, hipotireoidismo, doença cardíaca e câncer, por exemplo, afetam tanto a nós como a nossos amigos peludos, e de um jeito muito parecido. Apesar de todas essas semelhanças, a pesquisa e tratamento dessas doenças em humanos e em pets têm ocorrido de modo paralelo até hoje: veterinários e médicos não costumam trabalhar em conjunto, e agências de fomento destinam muito mais verbas para estudos em humanos do que em cães e gatos. No entanto, isso pode estar começando a mudar. Existem cada vez mais cientistas veterinários trabalhando lado a lado com médicos e hospitais humanos para transferir os conhecimentos obtidos de uma espécie para outra, incluindo terapias com células-tronco. Some-se a isso o recente sequenciamento dos genomas canino e felino, que está permitindo comparar a base genética das mesmas doenças em humanos e em pets, e em breve os cães vão provar mais uma vez por que são o melhor amigo do homem (e por que os gatos não ficam muito atrás).
Fontes:
● Estudos em andamento na Universidade Tufts:
○ Insuficiência cardíaca canina
● Cientistas explicam os problemas do uso de roedores como modelos, e as vantagens de cães e gatos