Cientistas encontram novas evidências de que células-tronco da polpa do dente podem ser um bom modelo para o estudo de doenças do neurodesenvolvimento
Além de seus potenciais efeitos terapêuticos, as células-tronco da polpa do dente também são muito úteis para estudar os aspectos moleculares comprometidos em doenças. Isto já foi demonstrado por diversos estudos e, agora, um recente trabalho publicado na revista Stem Cells traz novas evidências nesse sentido.
No trabalho de Dunaway e colaboradores, os cientistas analisaram o padrão de metilação do DNA de células-tronco da polpa do dente. A metilação do DNA é um mecanismo que poderia ser comparado a uma espécie de interruptor de liga e desliga dos genes: quando um gene está metilado, seu funcionamento está desligado e quando não está, seu funcionamento fica favorecido. Logo que um embrião é formado, o genoma das suas células iniciais encontra-se pouco metilado. Conforme o embrião vai se desenvolvendo, diferentes regiões do genoma vão sendo “desligadas” através da metilação do DNA e, modulando quais genes devem ou não entrar em funcionamento, as células vão se diferenciando, se tornando especializadas. Este mecanismo, portanto, é importante para regular e orquestrar o funcionamento dos genes nos precisos momentos e locais em que são necessários para o desenvolvimento embrionário e a constituição então de um novo organismo.
O que os cientistas responsáveis por este estudo descobriram é que o padrão de metilação do DNA das células-tronco da polpa do dente é muito parecido com o padrão encontrado em células de estágios bem iniciais de um embrião ou da placenta. Curiosamente, nem células-tronco embrionárias, que são células obtidas também a partir de uma fase inicial de um embrião, mas após uma manipulação em laboratório, têm um padrão tão semelhante!
Além disso, o grupo também observou que o padrão de metilação de DNA visto nas células-tronco da polpa do dente também é bem parecido com o observado em células-tronco neurais. Em vista disso, os cientistas decidiram analisar células de polpa de pacientes com uma alteração genética ligada ao autismo e observaram que os padrões de metilação nestes indivíduos diferia dos padrões encontrados em indivíduos controles justamente em genes relacionados ao neurodesenvolvimento.
Este novo estudo reforça a importância e a utilidade das células-tronco da polpa do dente para o entendimento das doenças do neurodesenvolvimento.