Folículos capilares são criados a partir de células-tronco

Folículos capilares são criados a partir de células-tronco

Folículos capilares totalmente funcionais foram criados a partir de células da papila dérmica derivadas de células-tronco pluripotentes induzidas. Com isso, pesquisadores de uma instituição localizada na Califórnia conseguiram fazer com que fios de cabelo crescessem em camundongos, abrindo novas perspectivas para o tratamento da calvície, uma condição que afeta milhões de pessoas no mundo todo.

De acordo com dados divulgados recentemente pela Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC), cerca de 42 milhões de brasileiros sofrem com a calvície. Surpreendentemente, uma grande parcela dos jovens com idade entre 20 e 25 anos, aproximadamente 25% deles, é afetada com a perda dos cabelos. As causas da perda de cabelos podem ser variadas e incluem genética, alterações hormonais, medicamentos e doenças como a alopecia. O fato é que a calvície é uma condição que gera um estresse emocional nos indivíduos afetados, reduzindo sua qualidade de vida e, muitas vezes, levando à ansiedade e à depressão. Pesquisadores ao redor do mundo têm trabalhado na busca de novos tratamentos para a calvície que permitam restaurar os folículos capilares e restabelecer o crescimento do cabelo.

Neste sentido, uma novidade animadora foi publicada há poucas semanas por pesquisadores do Sanford-Burnham Medical Research Institute, na Califórnia, EUA. Liderada pelo Prof. Dr. Alexey Terskikh, a equipe de cientistas conseguiu fazer cabelos de aparência natural crescerem através da pele de camundongos imunodeficientes, que não apresentam pelos no corpo. Para isso, obtiveram células da papila dérmica do folículo piloso (ou folículo capilar) a partir de células-tronco pluripotentes induzidas, iPSCs.

As células da papila dérmica residem dentro dos folículos capilares e controlam o crescimento do cabelo, incluindo a espessura, o comprimento e o ciclo de crescimento. Em 2015, a mesma equipe já havia obtido sucesso em crescer cabelo sob a pele de camundongos (crescimento subcutâneo), a partir de células da papila dérmica derivadas de iPSCs. Na ocasião, o processo se mostrou promissor, mas precisava ser aperfeiçoado, já que era ainda necessário conseguir que os cabelos crescessem a partir dos folículos capilares que se encontram sob a pele, para fora da pele do animal.

Para fazer com que os cabelos fossem capazes de ultrapassar a barreira da pele, os cientistas combinaram as células da papila dérmica com um biomaterial polimérico, de constituição similar à de fios de sutura reabsorvíveis. O biomaterial funciona como um suporte biodegradável para o crescimento das células e é implantado sob a pele dos camundongos, controlando a direção do crescimento dos cabelos e auxiliando na integração das células-tronco à pele.

O protocolo utilizado atualmente pelos pesquisadores conta com o uso de células epiteliais de camundongo combinadas com células da papila dérmica humanas. Células epiteliais também são componentes dos folículos capilares, assim como as células da papila dérmica. A obtenção de células epiteliais humanas está em andamento no laboratório do Prof. Terskikh. A combinação de células da papila dérmica e células epiteliais humanas derivadas de iPSC permitirá a geração de folículos capilares inteiramente humanos, prontos para transplante em indivíduos que sofrem de calvície. Distinta de quaisquer outras abordagens para a regeneração dos folículos capilares, a abordagem que envolve as iPSCs pode fornecer um suprimento ilimitado de células, que podem ser derivadas de uma simples coleta de sangue.

O Prof. Terskikh é cofundador da startup Stemson Therapeutics, que investiu alguns milhões de dólares para o desenvolvimento da tecnologia de crescimento de cabelos a partir de iPSCs. A empresa pretende, a princípio, crescer cabelos nos clientes usando suas próprias células iPSCs, que não gerariam resposta imune. No entanto, eventualmente, a empresa quer também fornecer transplantes feitos a partir de células retiradas de outros doadores. Isso permitirá que o cabelo seja cultivado com antecedência e diminua os custos. Mas esses transplantes de células “alogênicas” devem ser imunocompatíveis para evitar a rejeição. Os pesquisadores afirmaram estar trabalhando para resolver este problema e conseguir colocar um produto para o tratamento da calvície no mercado o mais breve possível.

Referência

https://medicalxpress.com/news/2019-06-functional-hair-follicles-grown-stem.html


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