Reiniciando o sistema (imune): células-tronco contra a doença de Crohn

Reiniciando o sistema (imune): células-tronco contra a doença de Crohn

Ensaio clínico na Inglaterra testa células-tronco no tratamento da doença de Crohn

A doença de Crohn é uma doença crônica que causa inflamação grave do trato gastrointestinal. Os pacientes sofrem com múltiplas idas ao banheiro, sangramentos frequentes e muito cansaço. Ainda não existe cura para doença; o tratamento é feito com diferentes tipos de agentes inflamatórios, dietas especiais ou, em último caso, cirurgia, mas nem sempre melhora a qualidade de vida dos pacientes. Diferentes aplicações de células-tronco estão sendo investigadas para o tratamento – e potencialmente cura – da doença, incluindo o uso de células-tronco para “reinicializar” o sistema imune.

A causa mais provável da doença de Crohn é a desregulação do sistema imunológico – por isso, o tratamento tipicamente envolve o uso de agentes antiinflamatórios. No entanto, nem todos os pacientes respondem bem às terapias existentes, e a administração prolongada de antiinflamatórios, por sua vez, pode ter efeitos colaterais sérios. Por isso, pesquisadores da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, decidiram testar um jeito diferente de diminuir o processo inflamatório enfrentado pelos portadores da doença de Crohn.

O procedimento é similar ao tratamento para esclerose múltipla já reportado aqui no site. Primeiro, células-tronco hematopoiéticas (as células da medula óssea que dão origem às células do sangue e do sistema imune) são extraídas do paciente e guardadas. Em seguida, os pacientes são expostos à quimioterapia, o que elimina as células-tronco hematopoiéticas que o paciente ainda possui, deixando seu sistema imune quase inexistente. Por último, as células-tronco guardadas são reinjetadas no paciente, onde vão restabelecer o sistema imune, efetivamente o “reinicializando”.

Não é a primeira vez que um ensaio clínico testa esse procedimento. Cem pacientes já foram tratados ao redor do mundo, mas dessa vez os pesquisadores querem testar uma dose menor de quimioterapia, para diminuir os efeitos colaterais. Se esse estudo confirmar os achados positivos do ensaio clínico anterior e de estudos semelhantes, estaremos muito próximos de ver mais uma aplicação das células-tronco na prática clínica.


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