Equipe da Universidade de Stanford identifica um novo tipo de célula-tronco, especialista na regeneração de ossos e cartilagem
Células-tronco adultas são tipicamente divididas entre células-tronco hematopoiéticas (que geram células sanguíneas) e células-tronco mesenquimais (que geram os tecidos sólidos do corpo). Agora, cientistas da Universidade de Stanford identificaram um terceiro tipo, as células-tronco esqueletais, que prometem ser a “matéria-prima” ideal para regeneração de ossos e cartilagem.
Todos os anos, milhões de pessoas sofrem com distúrbios osteoarticulares. Doenças da cartilagem são particularmente difíceis de tratar, já que nosso corpo não consegue regenerar a cartilagem perdida sozinho, e até hoje não descobrimos medicamentos que consigam ajudar nosso corpo a fazer isso de forma eficaz. Células-tronco oferecem enorme potencial para tratar doenças da cartilagem, mas ainda não existem terapias aprovadas. Dada a versatilidade das células-tronco mesenquimais, ensaios clínicos têm testado o uso dessas células-tronco no tratamento de doenças como artrite e ruptura de ligamento, mas a equipe de Stanford acha que essas células têm limitações. Em um press-release da universidade, os pesquisadores alegaram que células-tronco mesenquimais são um grupo de células muito heterogêneo, que provavelmente abarca diferentes subpopulações com distintas capacidades regenerativas.
Em 2015, o grupo identificou um novo tipo de células-tronco especializado na regeneração de ossos e cartilagem em camundongos. O passo seguinte era identificar essa mesma população em humanos, mas o que parecia simples, demorou anos. O problema está nos chamados marcadores de superfície. Marcadores são proteínas que as células exibem na sua superfície e que os cientistas usam para identificar qual célula e qual. Em um Fla-Flu, você consegue identificar quem é de cada time pela camisa que os torcedores usam. No laboratório, cientistas identificam tipos específico de células-tronco pelas proteínas que cada célula “veste” na sua membrana. Mas as células-tronco esqueletais de camundongo e de humanos usam “ roupas” tão diferentes que os cientistas tiveram muito trabalho para identificá-las. O jeito foi fazer o caminho inverso: primeiro encontrar essas células em humanos (nas extremidades dos ossos e em tecido fetal) e depois investigar que marcadores elas exibem na superfície.
Uma das vantagens desse tipo de célula-tronco e que elas estão presentes no tecido adiposo – ou seja, sua próxima cartilagem pode vir de uma lipoaspiração. Esse novo tipo de célula-tronco pode ser a chave que faltava para a medicina regenerativa finalmente conseguir tratar doenças da cartilagem. Enquanto isso, no entanto, outros grupos continuam estudando a aplicação de diferentes tipos de células-tronco para recuperação de cartilagem – inclusive no Brasil. Mas isso é assunto para nosso próximo post.