Pesquisa de brasileiros traz novas evidências de que células-tronco podem promover o rejuvenescimento facial

Pesquisa de brasileiros traz novas evidências de que células-tronco podem promover o rejuvenescimento facial

Ao estimular o aparecimento de novas fibras elásticas, as células-tronco contribuíram para redução da flacidez e, consequentemente, para o rejuvenescimento da pele.

Quem não quer manter a beleza e uma aparência jovem por mais tempo? Não é à toa que um dos grandes desafios que sempre instigou a medicina foi o desenvolvimento de terapias anti-envelhecimento que pudessem reverter as ações do tempo sobre nosso organismo e satisfazer esse anseio humano. O laser, por exemplo, cuja energia promove a reorganização das fibras de colágeno que dão sustentação à pele, foi um dos grandes avanços nessa área e é um dos tratamentos estéticos visando o rejuvenescimento mais eficazes atualmente. No entanto, a medicina também tem investido por um outro caminho: as células-tronco.

Por sua capacidade angiogênica (estimular a formação de vasos sanguíneos), de modulação do sistema imune e de promover a regeneração tecidual, acredita-se que as células-tronco possam ser boas aliadas no combate ao envelhecimento da cútis e uma opção valiosa no rol dos tratamentos estéticos para esse fim. E pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em associação com um grupo italiano da Universidade de Verona, estão avançando nestas pesquisas e já possuem resultados animadores, os quais foram publicados na revista Plastic and Reconstructive Surgery.

Os pesquisadores injetaram, em uma área próxima a orelha, células-tronco derivadas da gordura do próprio paciente. Participaram do estudo 6 indivíduos com idades entre 45 e 65 anos. Como os pacientes selecionados eram indivíduos que passariam por um procedimento chamado de lifting facial (uma cirurgia plástica que eleva e reposiciona os tecidos da face, eliminando rugas e excesso de pele), os cientistas puderam, no momento dessa cirurgia, remover um fragmento de tecido próximo a área onde as células-tronco foram injetadas quatro meses antes para análise. Eles observaram a redução do número de fibras elásticas características de uma pele envelhecida ao mesmo tempo em que houve a formação de novas fibras intactas, formando uma rede tridimensional na derme reticular e também a formação de uma nova rede vascular. A formação das novas fibras tem como consequência uma melhoria da sustentação do tecido e os novos vasos sanguíneos melhoram a oxigenação e hidratação, portanto, promovendo o rejuvenescimento da pele. Além disso, nenhum efeito adverso foi observado, mostrando que o procedimento é seguro.

O grupo também testou duas formas de aplicação das células-tronco: ou injetaram diretamente a gordura apenas processada para conter uma alta proporção de células-tronco, ou injetaram apenas as células, após estas terem sido isoladas do restante do tecido adiposo e expandidas em laboratório. Os resultados foram semelhantes. A primeira forma de aplicação, na verdade, é basicamente a mesma técnica que já é praticada há anos na cirurgia plástica, a lipoenxertia. Há muito que pesquisadores observam indiretamente um efeito de melhoria da textura da pele em indivíduos que passaram por lipoenxertia para reconstrução facial, por exemplo, o que já dava pistas do potencial das células-tronco. O enriquecimento da gordura com células-tronco pode, no entanto, potencializar estes efeitos.

Os pesquisadores agora pretendem estudar um número maior de pacientes para demonstrar a eficiência do procedimento em promover o rejuvenescimento da pele. Se corroborados os resultados, acreditam que tratamentos estéticos com células-tronco possam se tornar uma realidade em poucos anos.

Referência: Charles-de-Sá, et al., Antiaging treatment of the facial skin by fat graft and adipose-derived
stem cells. Plast Reconstr Surg. 2015 Apr;135(4):999-1009. https://insights.ovid.com/pubmed?pmid=25811565


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