Células-tronco foram utilizadas para criar pele que tinha, inclusive, folículos capilares, o que pode ser uma boa notícia para futuros tratamentos para a calvície.
Pode não parecer, mas a pele é um órgão bastante complexo e não é tarefa fácil tentar recriá-la em laboratório. Por isso a animação quando cientistas da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, publicaram os resultados de uma pesquisa em que conseguiram criar organoides de pele de camundongo formados por camadas de epiderme e derme, utilizando uma população de células-tronco pluripotentes induzidas em uma cultura 3D. Esses organoides produziram folículos capilares em um processo semelhante ao natural, ajudando os pesquisadores a entender melhor esse mecanismo e abrindo possibilidades para uso desse modelo em estudos futuros sobre crescimento capilar e doenças da pele.
Essa é a primeira vez que organoides de pele com crescimento capilar foram desenvolvidos in vitro. A equipe, liderada pelo professor Koehler, descobriu as condições necessárias de cultivo celular para que a estrutura pudesse se formar e, depois de 20 dias de cultura, apareceram os folículos capilares. Em uma iniciativa importante que acrescenta credibilidade a esse trabalho, o grupo validou esses resultados em uma colaboração com Stefan Heller e Amy H. Sewall, da Universidade de Stanford, que reproduziram os resultados com células de outras linhagens de camundongos.
Os organoides formados tinham, além das células da derme e da epiderme, tipos especializados de células, como melanócitos (células pigmentares), células de Merkel (receptores sensoriais de tato), adipócitos (células de gordura), células de glândula sebácea e células-tronco de folículos capilares. Ou seja, a partir desses resultados é possível pensar na possibilidade de se construir uma pele completa utilizando células-tronco.
Uma das utilidades dessa pesquisa é eliminar a necessidade de animais em alguns experimentos: seria possível fazer os testes na pele de laboratório. Além de testar cosméticos e tratamentos nesses organoides, os cientistas imaginam, também, desenvolver enxertos de pele que incluam estruturas especializadas como os folículos capilares. Eles já estão começando a trabalhar com células-tronco pluripotentes induzidas humanas, com a intenção de criar terapias para doenças como alopecia, acne e câncer de pele.
Mas ainda há muito trabalho pela frente. Ainda há alguns problemas que precisam ser resolvidos antes que esses usos possam ser até mesmo estudados: no ponto em que a técnica está, os organoides duram cerca de um mês, o que é tempo suficiente apenas para que se estude o desenvolvimento completo da pele e do pelo do camundongo.
Referências:
Lee J et al. Hair Follicle Development in Mouse Pluripotent Stem Cell-Derived Skin Organoids. Cell Reports. 2018.
IUSM Newsroom – In scientific first, IU researchers grow hairy skin in a dish