Aplicação de células-tronco em idosos reverte efeitos de fragilidade associados ao envelhecimento

Aplicação de células-tronco em idosos reverte efeitos de fragilidade associados ao envelhecimento

Ensaio clínico realizado em Miami teve resultados positivos com apenas uma aplicação de células-tronco mesenquimais e pode melhorar qualidade de vida durante o envelhecimento.

Que idade você tem? Cada vez mais pessoas no mundo respondem a essa pergunta com números maiores que 60, indicando um fenômeno que está presente também na sociedade brasileira: o envelhecimento populacional. Temos mais de 20 milhões de pessoas nessa faixa etária no país, e estima-se que esse número deva pelo menos triplicar nos próximos 20 anos. A esse envelhecimento cronológico está associado o envelhecimento biológico, que acontece de maneira diferente com
cada pessoa.

Algumas pessoas envelhecem com saúde e ativas, e outras são acometidas por problemas associados à idade, como a síndrome da fragilidade. Não se sabe exatamente por que algumas pessoas apresentam essa fragilidade, mas imagina-se que a inflamação crônica do organismo possa ter um papel nesse processo, assim como a diminuição da quantidade de células-tronco – o que faz sentido, uma vez que já sabemos que as células-tronco têm funções importantes na modulação do sistema imunológico e na regeneração de tecidos e órgãos no corpo. Essa é a lógica por trás dos estudos clínicos conduzidos pela equipe do Dr. Hare, em que foi feita a aplicação intravenosa de células-tronco mesenquimais em idosos entre 60 e 95 anos de idade (média de 78 anos). As células utilizadas foram doadas por adultos jovens saudáveis, obtidas a partir da medula óssea.

Eles conduziram dois estudos clínicos até o momento, para avaliar principalmente a segurança do tratamento – e tendo como medidas secundárias parâmetros associados à eficácia. O primeiro estudo contou com 15 participantes e o segundo, com 30 participantes. Os pacientes foram acompanhados por um ano após a aplicação das células-tronco e não houve efeitos adversos graves associados à intervenção.

Para avaliar a eficácia do tratamento, os pesquisadores utilizaram dois tipos de medidas: medidas de capacidade física (como respiração e caminhada, por exemplo) e medidas de marcadores indicadores de inflamação presentes no sangue. No estudo maior, com 30 participantes, havia 3 grupos: um grupo que recebeu placebo, um grupo que recebeu uma dose de 100 milhões de células, e um grupo que recebeu uma dose de 200 milhões de células. Os resultados mostraram uma melhora nas medidas dos marcadores de inflamação tanto para o grupo de 100 milhões de células como para o grupo de 200 milhões de células, mas uma melhora nas medidas de capacidade física apenas para o grupo em que foi aplicada a dose de 100 milhões de células – ou seja, doses intermediárias podem ser mais eficazes em tratamentos futuros.

O grupo está planejando a fase seguinte da pesquisa, um estudo clínico fase III em que seriam recrutadas aproximadamente 120 pessoas e em que a eficácia do tratamento poderia ser avaliada de maneira mais contundente. Se, após mais estudos, a terapia for aprovada pela FDA (agência regulatória americana), ela será produzida e comercializada pela empresa Longeveron, fundada pelo Dr. Hare.

Referências:

 


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